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Os Guardiões da Árvore

Uma história com a Turma do Mapinho, escrita por Rafael Brandão.

Em uma bela manhã, Nina desenhava em um caderno deitada no chão da sala de sua casa. Junto dela estavam seus amigos, Leco que lia concentrado um enorme livro, e Mapinho que fazia embaixadinhas com uma bola de meias. De repente, Bia surgiu na janela da sala, esbaforida e apressada:
                — Gente, vão cortar a árvore da rua das Camélias!

Os três amigos pararam imediatamente o que estavam fazendo e responderam em uma só voz:
                — A nossa árvore?

Bia explicou, quase sem respirar, que no lugar da árvore iriam construir uma cafeteria. Os quatro se entreolharam e decidiram que não podiam permitir que aquilo acontecesse, precisavam fazer alguma coisa para salvar aquela árvore tão querida.

Mapinho, que sempre foi rápido e ágil, saiu correndo como um foguete, saltando bueiros, escalando muros e desviando de pessoas. Enquanto isso, Leco e Bia foram juntos em outra direção, o garoto mostrava para a amiga um livro e ela observava com os olhos atentos e curiosos. Nina, terminava alguns desenhos e os organizava em uma pasta.

Leco e Bia foram até o escritório dos donos da futura cafeteria que iriam construir, um casal já mais velhos. Lá dentro, a mesa estava tomada por pilhas de papéis, plantas do projeto e xícaras de café já frias. O casal, ocupado, mal notou quando os dois entraram. Bia falou com a voz firme:

— Dona Margarida! Seu Anésio! Por favor, escutem a gente só por um minuto.

Surpresos, os dois interromperam o que estavam fazendo, e então, os dois amigos começaram a falar. Contaram sobre a árvore, sobre a sombra fresca nos dias de calor, sobre as brincadeiras que sempre aconteciam embaixo dela, sobre como ela era um ponto de encontro das pessoas e principalmente sobre sua importância e como ela fazia parte da história do bairro. Margarida e Anésio ouviram comovidos e com muita atenção, entenderam a importância da árvore, mas disseram que não tinha como parar com o projeto da cafeteria, já haviam investido muito dinheiro nisso, e ainda argumentaram que a cafeteria seria boa para o bairro.

Nesse momento, a porta se abriu e Nina entrou carregando uma enorme pasta de desenhos e sem dizer uma palavra, abriu a pasta e colocou sobre a mesa um desenho que ela mesma havia feito, onde a árvore fazia parte da cafeteria.

— Nós concordamos que o bairro precisa de um lugar como a sua cafeteria, mas a árvore não precisa ser um obstáculo, ela pode ser uma parte viva do espaço. Imaginem só, as pessoas tomando café em sua sombra, tirando fotos, a árvore pode ser a atração do lugar!
                — Além disso, vocês podem usar as frutas que ela dá no cardápio, preparar chás com as folhas, enfeitar a cafeteria com as flores, vejam! — completou Leco mostrando seu livro para eles.

Margarida e Anésio se olharam, os rostos, antes tensos, se abriram em um largo sorriso. O casal havia gostado da ideia e concordado em preservar a árvore, porém, ficaram preocupados de já ser tarde demais, afinal, o projeto sem a árvore já tinha sido mandado para os trabalhadores. Juntos, decidiram correr até o local e avisar o pessoal da obra antes que o pior acontecesse.

O carro de Anésio corria apressado pelas ruas, Margarida olhava pela janela com o coração acelerado, e no banco de trás as três crianças mal conseguiam ficar paradas, espiando a cada esquina, ansiosas pelo que encontrariam. Quando chegaram na rua das Camélias, uma surpresa os aguardava. As máquinas estavam paradas, os funcionários cochichavam confusos, olhando para cima sem saber o que fazer. E lá, no alto de um dos galhos da árvore, estava Mapinho, firme e corajoso como um guardião, com um sorriso vitorioso estampado no rosto, gritou de alegria ao ver seus amigos.

Margarida e Anésio correram até os trabalhadores com o desenho de Nina nas mãos, mostrando o novo projeto. Todos se inclinaram sobre as folhas coloridas e logo os resmungos se transformaram em aprovação. Mapinho desceu da árvore e abraçou seus companheiros de aventura.

Alguns meses se passaram e a rua das Camélias nunca esteve tão cheia de vida. A cafeteria estava em pleno funcionamento, alegre e acolhedora. Clientes satisfeitos conversavam e saboreavam cafés, bolos e chás, tudo muito bem decorado com flores. Anésio e Margarida atendiam cada cliente com o rosto cheio de felicidade. E, como se nada tivesse mudado, mas tudo tivesse se transformado, lá estavam Nina, Leco, Bia e Mapinho, brincando aos pés da árvore e saboreando seus frutos alegremente. Foi então que num instante mágico, a árvore, silenciosa testemunha daquela história, piscou para eles com enorme gratidão.

FIM

Acesse mais sobre o autor: https://rafaelgbrandao.wixsite.com/portfolio

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